iLUSTRAÇÃO: ROSE MARINHO PRADO
Mamãe morreu em 2013. Cuidei dela sozinha, os parentes sumiram; tive gastos. Sou professora particular de redação, preciso trabalhar. Mas o escritório de cobrança Recovery vem ligando várias vezes ao dia, cobrando-me de modo brusco. Podem checar gravações. Nelas às vezes eu brinco, afinal, não quero enfartar, preparo vestibulandos. É tempo de vestibular! Não é a Pátria Educadora? São moças que assumem tom policialesco, ameaçam me mandar para o jurídico, macular meu CPF. Irônicas, venais, sem tato, educação.
Mamãe morreu em 2013. Cuidei dela sozinha, os parentes sumiram; tive gastos. Sou professora particular de redação, preciso trabalhar. Mas o escritório de cobrança Recovery vem ligando várias vezes ao dia, cobrando-me de modo brusco. Podem checar gravações. Nelas às vezes eu brinco, afinal, não quero enfartar, preparo vestibulandos. É tempo de vestibular! Não é a Pátria Educadora? São moças que assumem tom policialesco, ameaçam me mandar para o jurídico, macular meu CPF. Irônicas, venais, sem tato, educação.
Somos três
filhos, mamãe era perdulária, tinha apoio da família para gastar. Eu reclamava,
mas ela não me ouvia. Fui ameaçada,
mandaram até polícia para eu calar a boca. Deixou dívidas enormes. Contraiu 100
mil no Banco do Brasil que espera sair o inventário para pegar tudo o que
temos. Vamos pagar tudo com o valor da nossa herança.Mamãe contraiu dívidas com
a idade de 86 anos, morreu com 88. Eu
amava mamãe e não tive coragem de interditá-la.
Assumi tudo,
quando o dinheiro dela acabou, cuidei dela e, depois da morte, das burocracias:
mandei atestado de óbito para todos as instituições para quem ela devia. Mas,
apesar da morte, a Caixa Federal ofereceu um cartão para ela há seis meses e
liga, inclusive, cobrando a movimentação desse cartão ( de finada) e agora deseja eu pague tudo. As
ligações são diuturnas, repito, violentíssimas. Meu dia se escurece, meu coração bate forte de
raiva, impotência.
Hoje comecei
brincando, cantando imitando Dalva de Oliveira. A moça: “ Tá de brincadeira?
Vai ver! Vou colocar seu nome do Jurídico”.
Estou aqui neste Reclame Aqui - que já me ajudou inúmeras vezes - para agora denunciar o que a brutalidade da Caixa
Federal, causada talvez, por desespero
de causa, (precisa pagar Minha Casa Minha Vida, ou sei lá quê). E contrata
gente sem noção de civilidade, moças cruéis. A que ligou agora chama-se Amanda.
Se eu brinco, ficam furiosas, se eu falo sério, o tom de ameaça é maior. Não
tenho saída. E preciso ficar em paz, quero dar aula.
O Escritório
não conhece a lei das sucessões, não
sabe de nada. As vozes lembram a dos
agiotas da Antiguidade que batem à porta do devedor, em tom de que vão matá-lo.
Argumento
-lhes que o tempo da tortura já se foi. Tortura nunca mais? Mas não resolve. Torturam,
ameaçam. Eu sou uma mulher, sozinha, dou aula o dia todo, hoje, por exemplo,
perdi a paciência e gritei tanto que perdi a voz.
Gostaria de
que o Reclame Aqui não só entrasse em contato com a Caixa mas também com o Escritório
Recovery para que ambos parassem com a tortura. A dívida é dum espólio, não
serei eu a única a ter meu CPF sujo – como ameaçam. Eu não devo nada. Foi minha
mãe. Ou será que a Caixa Federal age feito bandido que vai ‘apagar’ a família
toda? Porque mais ligações dessas e eu posso ter uma síncope. Pagaremos quando
o inventário vier. Já sofri muito no tempo em que mamãe contraía dívidas e mais
dívidas. Lutei para estancar essa sangria e agora sou palco de tortura sórdida.
Quero justiça!
Denunciem na
imprensa, mostrem o que a Caixa Federal está fazendo. Não respeitam os mortos,
tratam-nos, filhos de devedores mortos, como se fôssemos bandidos. Peço que ouçam a
gravação. Solicitem à Recovery que abra a gravação de hoje, dia 24 de novembro.
Nem bem acordei e já ligaram, esbravejando. Cantei, brinquei. Não adianta.
Vorazes, as moças querem mostrar serviço, são como urubus sobre a carniça. Destratam,
o tom é da polícia.
O atestado
de óbito foi enviado assim minha mãe morreu. Tudo está com advogado que sabe do
caso. Abaixo a TORTURA QUE A CAIXA
FEDERAL IMPETRA SOBRE OS CIDADÃOS QUE SÓ QUEREM TRABALHAR NESTE PAÍS DOS
DESONESTOS, NESTE PAÍS QUE AGORA PRETENDE ESMAGAR OS QUE TÊM POUCA VOZ.
Eu avisei a tal Amanda que escreveria para o
Reclame Aqui. Ela debochou. Sabe que os desmandos assumiram tom tão alto que
nenhum valor da decência conta mais.
Denunciem,
revelem. Em nome de Deus.